Rafa Neddermeyer Ag Brasil |
Após uma longa jornada de semeadura, onde por nove anos viu seus resultados figurarem no vermelho, Uber finalmente chegou onde toda empresa se justifica perante seus investidores: o lucro - 1,1 bilhão de dólares em 2023. E o Brasil tem grande peso nesse resultado.
Em que pese a euforia e o grande senso comum da grandeza e da capacidade de escalar o negócio de viagens compartilhadas, ainda que num ambiente de concorrência, o negócio Uber amargou seguidos prejuízos por nove anos.
Justamente no seu décimo ano em terras brasileiras, e em comemoração à data icônica, a plataforma de viagens, inova trazendo mais três “novos” produtos. As aspas se referem justamente ao mais controverso de todos, haja visto que ele já fora implantado com sucesso em duas unidades da federação brasileira: São Paulo e Brasília – O Táxi. Nesse caso celebrado em parceria com a Stuo do Brasil.
Assim como nos Emirados Árabes, país que aportou mais de U$ 3 bilhões de dólares em investimentos na Uber, e que curiosamente não tinha seu serviço disponibilizado à população, sendo isso ocorrera somente após a aquisição da empresa Careem – principal gestora árabe de corridas e também dos táxis.
No Brasil ainda não se sabe a materialidade do acordo feito entre a Uber e a Stuo, maior gestora de corridas empresariais do país, prevê uma fusão, o que é mais do que natural haja visto que a plataforma Uber vem adotando essa postura no mundo, na condição de incorparadora, salvo na China onde a Uber foi incorporada pela Didi.
As outras duas modalidades, refletem a refinada percepção e a tendência mundial de se alinhar com a sustentabilidade. Uber Green é a modalidade em que o usuário conta com o serviço de viagens prestado por carros 100% elétricos. E por fim Uber Health que pretende surfar na onda dos serviços de saúde domiciliar, que tiveram um grande crescimento por diversas empresas e pela utilização de frota própria.
Nossa posição:
A última barreira a entrada de Uber no Brasil, era também a mais poderosa – regulamentação. Ninguém no mundo tem condição enfrentar a Uber, senão outra big tech. O que não é o caso dos trabalhadores taxistas, os principais atingidos e os únicos a se oporem.
A prova dessa teoria é o próprio Emirados Árabes, que investiu na plataforma, porém estipulou que o serviço fosse até 30% mais caro que o táxi, isso na proposta do serviço especial – o black. Realidade difícil num país em que os táxis já esbanjam alta qualidade e refino. Resultado foi a tímida implantação por anos naquele país. Por isso precisaram comprar a Careem, que fazia a gestão dos táxis também.
Enquanto isso, no Brasil o reino dividido dos ferozes taxistas, nunca chegou a um denominador comum, regulamenta / não regulamenta! As cooperativas engessadas na mesmíssima forma da época que eram soberanas. O poder público tropeçando nas próprias pernas, editando o que deveria ser na forma de lei, por decreto, ou seja, fingindo que estava fazendo algo com um cunho de imposição, porém impossível pelo fato de o instrumento decreto não servir ao que se propunha, e assim transferindo a “culpa” pro judiciário, ou seja, o circo armado para que tudo desse errado para os taxistas.
E assim como diz o Mestre Jesus , o reino dividido não permanece de pé. A precariedade da liderança, a falta de direção dos trabalhadores taxistas ofereceu o ambiente perfeito para a consolidação e a total adesão da população e agora do governo, que não consegue esconder a euforia pela “criação” da maior categoria sindical do país. Mais um nicho de atuação, em especial porque sabem da dura realidade dos motoristas, e onde há sofrimento há demanda sindical. Quase parece que o cenário perfeito para o governo é o desequilíbrio e não o contrário.
O resultado é que ao táxi, restou apenas aceitar a oferta de mais um serviço, nas condições financeiras compatíveis com seus custos. E assim como vemos em diversos vídeos de youtubers taxistas de São Paulo por exemplo, perceber que Uber rapidamente reponderá por aproximadamente por metade dos seus ganhos. O que parece ser bastante.
O tempo da oposição ferrenha passou, e quem teve a palavra, ou não usou ou não foi entendido, para tristeza de quase 1 milhão de trabalhadores taxistas no país, abandonados por seus principais tutores - as prefeituras. Ressalvo aqui a prefeitura de São Paulo, pelo que sabemos uma das poucas que impos um certo controle estatal com êxito.
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