Postas
diante do rei, duas prostitutas que disputavam a maternidade de uma
criança recém-nascida e reclamada como filho por ambas.( I livro
de Reis ,cap 3 versos 16 a 28)
A
sábia postura do rei Salomão , levou-o a determinar que cortasse a
criança viva ao meio , e assim lhe dessem a cada uma a metade.
A
verdadeira mãe logo apressou-se a abrir mão do pleito, enquanto que
a falsa, pedia manter o veredicto “nem eu nem ela”.
Então
o rei viu que só o amor verdadeiro de uma mãe legítima, faria ela
abrir mão de sua própria filha para salvá-la. E com isso o rei,
deui a filha à verdadeira mãe.
Esse
arquétipo reproduz bem dois atores (Táxistas e Empresas de APP de
carros particulares) que foram postos diante de Crivella, para uma
decisão no âmbito da regulamentação , onde de forma semelhante,
não há solução que agrade as duas partes, especialmente em
cidades como o Rio de Janeiro com uma elevada oferta no modal.
Também
de igual forma, não há a mesma boa intenção e comprometimento
com o objeto da causa: o transporte individual de passageiros. Se de
um lado já se tem a terceira geração de profissionais
regulamentados, controlados, fiscalizados 4 vezes ao ano e muitas das
vezes com o emprenho de valores altíssimos à espera de sua
autonomia/alvará, do outro, desde aventureiros, bandidos mesmo, até
aos trabalhadores sim de verdade, mas que não deixam de cooperarem
para o desmonte de todo um SISTEMA DE TRANSPORTES. Sim porque já não
se afeta só o transporte individual modal táxi, mas sobretudo o
coletivo também.
E é
aí, que o prefeito Crivella precisa abandonar aquela patente aura
conciliadora, acochambradora, e buscar uma postura incisiva como a do
rei Salomão, onde ele terá que defender o melhor interesse da
criança , aqui representada pelo SISTEMA DE TRANSPORTE como um todo.
Em
nenhum lugar do mundo o TRANSPORTE INDIVIDUAL DE PASSAGEIROS É POSTO
COMO SOLUÇÃO DE MOBILIDADE. A nossa Lei de Mobilidade, recém
estuprada por legisladores que se curvam perante a força dos
capitais, fez enxertar em seu diploma original, a maior negação de
sua finalidade: prioridade ao TRANSPORTE DE MASSA E TRANSPORTE NÃO
MOTORIZADO.
Mas
ainda assim , nada está perdido, pois a lei federal é lei
subsidiária, e não impositiva, e portanto cabe, na verdade sempre
coube à municipalidade a decisão do quê, quanto, quando, onde e
como no âmbito de assuntos de interesse local.
A
possibilidade de “solução” oferecida por uber e seus imitadores
é devastadora sob todos os apectos. A empresa sequer tem preocupação
com seus colaboradores, e já demonstrou por diversas vezes , total
desprezo pelo que representam, tal qual a cultura de sexismo , onde
sua essencia de desrespeito ao ser humano, transpassa nas relações
desrespeitosas que dominam o ambiente de uma empresa que não
reconhece autoridade em nenhum lugar.
Por
isso, sob pena de incorrer num ato de improbidade administrativa
quanto aos princípios do direito público, Crivella precisa
considerar que já não há nenhuma lacuna no direito positivado,
dando a ele, total responsabilidade quanto às decisões que virão.
E , se antes , elas estavam tortas e exageradas, elas porém vinham
do judiciário, a quem não se pode contestar. Porém agora, sua
regulação não estará foram da apreciação jurisdicional do
Estado, tampouco poderá desobedecer os princípios que regem o ente
público executivo municipal.
Então
está posta a questão, e tal qual a criança da disputa perante
Salomão, Crivella tem que observar corajosamente o que é legal,
justo e sustentável, para que não carimbe em sua gestão uma triste
marca de incapacidade administrativa. Logo ele, uma das mentes mais
bem informadas e cultas, ser traido pelo apelo popular.
Parafraseando
o diretor de transportes londrino: “é preciso ter coragem de se
fazer o certo”.
Pensar
a mobilidade urbana pelo viés do transporte individual é como dar
uma garrafa pet vazia para cada morador de área de risco, e esperar
que no dia da chuva, aquela em que chove a quantidade do mês todo em
duas horas, e então esperar que esse reservatório de emergência
contenha os resultados daquela preciptação. Parece uma piada de mau
gosto.
Imaginem
que justamente nos únicos momentos em que uber e seus imitadores
seriam úteis, justamente em eventos de grande impacto de demanda,
eles multiplicam o preço em até 9 vezes, e quando isso não é a
realidade, eles levam o preço a níveis insustentáveis.
Ainda
hoje sou estudante, e temos todo respeito ao contraditório e aos que
tem dúvida, então caso seja o pensamento (desavisado é claro) do ,
então como é que eles conseguem?
É
muito simples. Karl Marx desenvolveu o conceito do EXÉRCITO DAS
PESSOAS DISPONÍVEIS, desempregados que regulam para baixo o melhor
interesse dos que estão empregados. Uber e seus imitadores, usam
esse exército, e as demais pessoas que mesmo trabalhando , tendo uma
atividade , também desempenham essa segunda , de forma a aumentar
absurdamente o universo da oferta de mão de obra de seus
colaboradores, E assim invadem não somente o modal táxi , como o
dos coletivos. Um desastre!
Por
isso senhor prefeito, lembre-se a prostituta e falsa mãe, só quer
se dar bem, ainda que ela tenha que "sacrificar a criança". Ainda que
ela tenha que “demitir” todos os colaboradores no dia seguinte da
concretização do veículo autônomo, ainda que todos os ônibus
percam sua sustentabilidade, ainda que as ambulâncias não consigam
chegar às suas emergências pelos monstruosos engarrafamentos, ainda
que tenham que continuar a tripudiar da sua autoridade via sentenças
judiciais. Eles não tem respeito nem moralidade, eles querem tudo
para eles, e só a sabedoria de uma nobre Rei, para fazer valer o que
é certo , o que é justo!
Sou a favor do justo , porque uns cumprem regras pagam taxas são fiscalizado e muitas das vezes penados por coisa banal e outro lado nada , sabemos q a Uber so sobrevive por conta da praticá de dumping ( uma concorrência desleal) e trabalha sem qualquer regra sem limite é outra coisa eles não perdem uma liminar " suspeito né"
ResponderExcluirMartins parabéns pela explanação
ResponderExcluirPorém não vejo luz no fim desse túnel a muito tempo, estamos fadados a uma derrocada de nossa profissão e serviço. O taxi virará segundo emprego para muito infelizmente.
Estamos na mãos de políticos corruptos e interessados apenas em defender seus patrimônio e não os reais interesses da sociedade e cumprimento das leis.
Admito seu empenho e sua capacidade
Mas essa é uma luta perdida, onde teremos que nos sugeitar as decisões que “vem de cima” e abaixar a cabeça e aceitar.
Não temos uma categoria/classe temos apenas um bando de trabalhadores tentando sobreviver individualmente e sem conjunto, o taxi.rio só vem gargantear mais ainda nossa profissão.
Enfim sejamos fortes
O pior ainda está por vir
Passar bem